domingo, 1 de novembro de 2015

A VILA E SEU POVO

Um lugar tão encantador que não precisa de filtros. Tão simples que não precisa de salto alto. Tão tranquilo que não circula carros, nem ônibus. Sim, esse pedacinho do céu existe e está 300 km de Salvador. Uma vila localizada na Ilha de Tinharé, no município de Cairu, na Bahia. Esta região é conhecida como a Costa do Dendê.

Morro de São Paulo não se resume somente pelas suas belezas naturais. Além do ar puro se respira muita história. O passado de Morro de São Paulo é narrado principalmente através dos relatos dos mais antigos moradores. Moradores estes, que possuíam um ritmo de vida tranquilo, vivido numa vila de pescadores com belas praias e marcado por uma densa história.



Para chegar no Morro não é tão fácil assim. É preciso encarar cerca de duas horas e meia o balanço de um catamarã, ou um pouco mais de três horas fazendo o trajeto semi terrestre.
Uma aventura gratificante para quem quer ter uma das melhores experiências da vida numa vila simples, aconchegante e cheia de sorrisos!

Hoje, Morro de São Paulo é um dos destinos tropicais mais procurados pelos turistas dos quatro cantos do mundo. Mas, nem sempre foi assim. Até a década de 60, Morro de São Paulo era apenas um vilarejo de pescadores. Era um lugar tranquilo de se viver. Os moradores mais antigos contam que viviam numa verdadeira comunidade e ganhavam a vida das riquezas naturais do local. Um povo pacato e hospitaleiro que morava numa vila simples e sobrevivia exclusivamente da pesca e das lembranças de um passado glorioso. Passado marcado pelos conflitos dos índios gueréns e pelas ousadas invasões holandesas.

Mas não é esta luta que prevaleceu e sim a luta da sobrevivência, a garra e perseverança dessa gente que fez Morro de São Paulo crescer e se projetar turisticamente. Morro de São Paulo iniciou sua trajetória movido unicamente pela força de vontade de seu povo. 
E é por isso que a vila se tornou um lugar tão diferente. Morro de São Paulo, além das piscinas naturais, da tirolesa e do pôr do sol mágico, possui outro tesouro: sua gente. O povoado abriga personagens e figuras especiais, que retratam histórias marcantes e de coragem. Cada personagem deste enredo apresenta uma vida diferente, mas todos protagonizam fatos que merecem serem relatados. Trajetórias de lutas e desafios que instigam a imaginação.




E é esse Morro que muita gente não conhece: o morro do Bada, o xerife; da Helena do Casarão; do Guido das lagostas; do Cabelinho animador de festas. Personagens que cresceram e acompanharam a evolução do seu povoado e que têm muitas histórias para contar de todo esse tempo.

Reginaldo Ramos Batista, com seus 90 anos, chegou em Morro no ano de 1945 e diz que na vila haviam poucas casas e a maior destas era o casarão, que até hoje permanece do local onde foi construída. Seu Reginaldo lembra com saudade da época dos banhos na Fonte Grande, quando os antigos moradores tomavam banho a partir das 17h na Fonte. Dividiam-se entre homens e mulheres: “Quase toda população tomava banho ali e durante o dia lavavam roupa”, recorda Reginaldo.
Ele conta também que a energia elétrica só chegou na vila em 1985.  A luz que clareava as casas à noite vinha do querosene das lamparinas. 
O morador ainda ressalta que naquele tempo o ambiente era muito sadio, o povo era muito unido e as pessoas se ajudavam, todos muito envolvidos na religiosidade. 



Osvaldo Vasco dos Santos, seu verdadeiro nome, com 63 anos já foi intitulado “delegado” de Morro de Pão Paulo. Isto há quase 20 anos atrás, na época em que a delegacia contava apenas com uma sede simples e os policias ficavam num posto localizado do distrito da Gamboa. Com o apoio da comunidade, Bada abordava as pessoas e quando percebia que o indivíduo não era de “boa conduta”, o expulsava da ilha. “O xerife do Morro”, assim era conhecido entre os habitantes de Morro de São Paulo e região.

A personalidade forte vem da infância. As dificuldades vividas o deixaram calejado e o fizeram enxergar o mundo desde cedo com muita responsabilidade. Bada perdeu o pai com 12 anos e teve que sustentar os 11 irmãos. Depois que casou, com Dona Celeste, passou a viver da pesca, única forma de sobrevivência em Morro de São Paulo na época, até adquirir seu primeiro barco.


Outro personagem muito comentado é o seu Guido das lagostas. Para conhecer o pescador/cozinheiro mais famoso da ilha, basta uma curta caminhada até a Praia da Cueira, que não leva mais que uma hora a partir da vila de Boipeba. “Ninguém aqui em Boipeba pegou mais lagosta do que eu nessa vida. Também sou bom catador de polvo”. Gaba-se Guido, que está quase sempre usando camisas de times de futebol e, além da lagosta grelhada, sugere a versão do crustáceo preparado com abacaxi como uma especialidade da casa.
Hoje Guido tem um restaurante bonito, tocado ao lado da mulher Eliana, com a ajuda dos filhos e outros familiares. É uma construção toda em madeira, com direito a varanda e faixa com o nome na frente, e muitas mesas espalhadas pela areia.



É impossível ir a Morro e não encontrar o cara mais animado da vila: Cabelinho, o dançarino da ilha. As festas não seriam as mesmas sem ele. De dia, anda pela praia contando suas histórias para os turistas e a noite anima os luaus na beira da praia até o nascer do sol. Um personagem que alegra os dias e as noites dos milhares de turistas que passam pela vila durante todo o ano.




Pessoas de origem simples e coração humilde. Pessoas que não negam um sorriso, um abraço, um “seja bem vindo” ou um “até breve”. Quem vai a Morro de São Paulo volta com o sorriso mais largo e o coração batendo mais forte. É fácil sentir a energia desse povo tão acolhedor e cheio de histórias para contar.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O registro sensível da realidade


O fascínio pelo jornalismo começou quando li um artigo da jornalista e escritora gaúcha Eliane Brum. Ela é uma daquelas pessoas que também acreditam que não existe jornalismo sem sensibilidade. A jornalista olha para a vida e para as pessoas de uma maneira diferente, sempre preferiu histórias pequenas e comuns. 



Desde o inicio da faculdade acreditei que poderia olhar para as histórias de uma forma diferente também, desse modo, poderia acrescentar alguma coisa na vida das pessoas. Conheci o documentário, e a paixão por esse gênero foi crescendo durante a faculdade. A meu ver, é uma linda forma de contar histórias através de imagens, sons, depoimentos. O documentário que mostra a vida de desconhecidos, o cotidiano de pessoas que a mídia não mostra, enfim, “a vida que ninguém vê”, sempre me instigou.

Resolvi contar histórias também e, nas reportagens, artigos que fiz durante a faculdade sempre quis buscar as histórias das pessoas e não das coisas, quis viver um pouquinho da vida dos outros e mostrar isso da forma mais humana e bonita possível. A junção de imagem, som, entrevistas e depoimentos proporciona isso de uma maneira sensível e inspiradora. 



Aos poucos, quero indicar a vocês documentários de representação social que mexeram comigo durante os últimos semestres. Começo hoje falando sobre o documentário A Cidade, da documentarista gaúcha Liliana Sulzbach.

Foi no início do semestre de 2013 que conheci alguns trabalhos da Liliana nas aulas da professora Luciana Kraemer. Em todas as suas produções eu enxerguei a forma sensível como retrata seus personagens. Me encantei! Por isso quero compartilhar um pouquinho dessa história com vocês!




O documentário A Cidade de Liliana Sulzbach foi produzido no ano de 2012. A Cidade ganhou prêmios importantes no Brasil e no exterior, como exemplo, o Prêmio Especial do Júri na 49° edição do Festival Internacional de Chicago.



Liliana Sulzbach apresenta o cotidiano de dez dos últimos trinta e cinco moradores da Colônia Itapuã.. O documentário é dividido entre o passado e o presente dos personagens. A estratégia narrativa, escolhida pela documentarista, privilegia o suspense ao optar por não mostrar logo de inicio a real história dos personagens, mas sim retratar o presente, como eles vivem hoje.

O filme se inicia com imagens de Itapuã. Essas imagens mostram um lugar paradisíaco, de beleza natural, os pássaros cantando, um lugar aparentemente tranquilo, são povoados por casas de arquitetura antiga onde vivem apenas idosos. A documentarista acompanha a rotina dos personagens. Ela coloca a câmera em um plano aberto e deixa que as coisas aconteçam naturalmente. Assim, vai apresentando a rotina simples deles dentro de casa, nas ruas, nos momentos de lazer, momentos de convivência entre eles. Uma rotina de aparente normalidade num lugar com idosos.



No decorrer do filme, olhando com mais cuidado, percebe-se os efeitos causados pelo isolamento, detalhes que fazem parte daquela história. Quem está atento passa a perceber leves rachaduras na organização daquele mundo. Aos poucos a câmera vai entrando na vida dos personagens e em um momento de diálogo entre eles o filme passa a revelar as verdadeiras origens do lugar.

É na metade do filme que a cena reveladora acontece. Os personagens estão na praia conversando. O principal assunto é relacionamento, amores antigos, lembranças de situações que ficaram no passado. Ainda com um plano aberto, relatam que muitos chegaram à cidade solteiros e casaram depois. As perdas de entes queridos. Anos de casados e a relação que nunca tiveram com os filhos, pois eram tirados deles.



Ao contar a procedência de Itapuã e o fator que une os moradores, A Cidade deixa de ser apenas um suposto registro sensível da vida na terceira idade. Em um jogo de preservar a história, revelar, olhar novamente a mesma cena, o principal efeito vem da montagem. Depois de revelar as origens do lugar, o documentário mostra parte das imagens que acabaram de ser exibidas (a rotina dos personagens novamente), mas que agora, por saber que se trata de pessoas deixadas pela família, obrigadas a viverem em confinamento e longe de tudo e de todos pelo fato de serem portadores do Mal de Hansen, ganham outro sentido.

A partir dessa revelação o documentário passa a mostrar as imagens de arquivos, usada pela documentarista como uma estratégia narrativa para reafirmar o presente deles com registros de cenas do passado. Com imagens em preto e branco é mostrado o Hospital Colônia Itapuã nos anos 40. Essas imagens são intercaladas com o cotidiano no presente, dos moradores que restaram. Novamente, as cenas são exibidas: seus hábitos, o lazer como a bocha e os banhos de rio, a igreja, o bate papo com os amigos dentro de casa e na rua, o chimarrão, o radinho de pilha, a festa no salão. Mas, agora, por saber dos mistérios do lugar, o filme ganha outro sentido. As imagens mostradas novamente fazem refletir.


Com esse truque de olhar novamente as mesmas situações, os mesmos gestos, A Cidade propicia muitas inquietações: permite ao espectador olhar novamente e refletir se ele está vendo dois filmes dentro de um; rever também o sentido de família, pois o que os une é um parentesco mais forte que o sanguíneo; tentar responder como aqueles moradores encontram momentos de tamanha comunhão quando há um passado de dor e sofrimento.


Enquanto se exibe novamente algumas cenas do cotidiano, depois da revelação, as falas dos personagens aparecem espontaneamente:

- Eu vim criança pra cá, tinha sete anos. Eu achava que não ia conseguir ficar aqui dentro, pensava: será que eu vou ter que ficar a vida toda aqui? (NAIR, desde 1956).

- Nosso lugar é aqui, não adianta sair. Fomos trazidos aqui à força, crescemos aqui. O que velhos com nossas condições vão fazer lá fora? (JURACI, desde 1958).

- Eu nem sabia que tinha isso daqui, fui ao médico e só me disseram que eu tinha que fazer repouso (JOÃO SALDANHA, desde 1971).

- Tinha uma estrada de chão, bastante poeira e eu perguntava onde estavam me levando e eles diziam: nós já vamos chegar, num lugar bem bonito (EVA, desde 1959).

O efeito que o documentário transmite não é o de exploração melancólica e nem de um documentário sensacionalista de Liliana Sulzbach, mas sim da superação de um passado doloroso, que causou tanto sofrimento. Ao mostrar a história dos personagens nas entrelinhas dos diálogos e cenas mostradas no filme, a documentarista deixa claro sua intenção: é preciso olhar com muita atenção e ter sensibilidade para perceber as raízes invisíveis daquela cidade.

O documentário repercutiu tanto que a diretora e sua equipe resolveram criar uma plataforma na web com mais detalhes, cenas do filme e entrevistas com os personagens que não aparecem no documentário.

Para acompanhar um pouco mais dessa história podem acessar A Cidade Inventada!

Que tenhamos mais jornalistas contadores de histórias comuns e verdadeiras e que revelam através de um registro sensível da realidade, a verdadeira essência da nossa profissão!!


Super beijo!


domingo, 16 de agosto de 2015

Morro de São Paulo, o morro da saudade!


É fácil escrever sobre o que eu senti em Morro de São Paulo. É só fechar os olhos que sinto até o cheiro daquele lugar. Voltei encantada, apaixonada, e acho que será amor pra vida inteira...



Foi paixão a primeira vista! Tudo conspirava a favor: o clima, a hospedagem naquela pousada aconchegante, a comida apimentada da Bahia, os sorrisos, a gentileza, o céu, o sol, o mar..

Em Morro de São Paulo encontrei um pôr do sol mágico na Toca do Morcego, no mirante do Farol e nas ruínas da Fortaleza. Encontrei o céu mais azul. Encontrei a ternura de uma gente de sorriso fácil e que se alegra em receber turistas do mundo inteiro.



Encontrei na vila o melhor do artesanato, na segunda praia fui ao melhor luau. Na terceira e quarta praia encontrei paz e tranquilidade nas águas calmas que com a baixa da maré se formam piscinas naturais, e os peixinhos, de diversas espécies, podem ser vistos nadando e se alimentando bem pertinho da gente. Em Boipeba fiz o melhor mergulho! Na praia da Cueira comi a melhor e maior lagosta, aquela do famoso Guido!

Um lugar tão encantador que não precisa de filtros. Tão simples que não precisa de salto alto. Tão tranquilo que não circula carros, nem ônibus. Sim, esse pedacinho do céu existe e está 300 km de Salvador. Uma vila localizada na Ilha de Tinharé, no município de Cairu, na Bahia. Esta região é conhecida como a Costa do Dendê.


Voltei da viagem com o sorriso mais largo, o coração batendo mais forte e os olhos transbordando a alegria de ter vivido uma das melhores experiências da minha vida!

Das belezas que vi e vivi, Morro de São Paulo é que vai deixar mais saudade! Senti uma paz tão grande, uma energia tão boa, que será impossível esquecer os dias que lá fiquei!

Aparência se vê, essência se sente! E em Morro, eu senti! Agora, morro é de saudade!

#euaproveitoavida

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Livre, leve, solta e feliz!!


Não é por acaso que muita gente celebra a chegada do verão. Um período onde até a menos vaidosa das mulheres se permite uma pequena ousadia, seja pelos pés à mostra em sua rasteirinha, um acessório diferente no cabelo, um vestidinho novo, um óculos que é tendência, enfim, o verão inspira às mulheres e tudo converge para uma sensação de liberdade contagiante. Isso, liberdade é a palavra certa!!


Para pisar mais leve e confortável nesse verão nada melhor que uma rasteirinha nos pés. As coleções apostam na sandália e mostram que é possível ser uma mulher “pé no chão” sem perder a elegância.
São vários os modelos, tem para todos os estilos: com pedras, tons vibrantes e terrosos, de camurça, com detalhes metalizados, com franjas, mais fechadinha, mais aberta, é uma infinidade de modelos. Um mais lindo que o outro! Confere aí ;)




  
Outra tendência para este verão são as amarrações! Os nozinhos são aposta para a temporada e prometem fazer sucesso em camisas e lenços.
Cheio de charme, o truque pode ser aplicado na parte inferior da camisa. Com uma simples amarradinha, a peça ganha um toque de estilo e pode ser usada com saias, calças e shorts de cintura alta ou com um pedacinho da barriga à mostra.


Outra forma de investir no truque é apostar nos lenços. Amarrados em estilo vintage (com referência pin-up), hippie (retinho, sobre a testa) ou como turbante, o acessório fica lindo em qualquer ocasião.



Um super aliado para o verão sem dúvida é o óculos de sol. E foram os óculos redondinhos que invadiram o verão. Em versões mini ou maxi, eles são irresistíveis porque ficam bem em vários estilos.
O hit da década de 70 ressurge em peças divertidas e com tons futuristas. Em lentes espelhadas, coloridas e translúcidas, ganha versões ainda mais ousadas.Coloridas e estampadas, as armações apaixonam nos detalhes e compõem looks que vão do hippie chic ao casual. 




Então gente, espero que todas arrasem nesse verão maravilhoso!! É sempre bom ficar por dentro das tendências, a moda é uma maneira de embelezar os detalhes, dar graça, cor e estilo a nós mesmos e aos que nos cercam. E como eu sempre digo, moda tem a ver com felicidade. Aliás, a moda é felicidade. E se liberdade é a palavra-chave da estação, aproveite o melhor da temporada e encontre a sua.  Vamos viver!!

Super beijo!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A calça flare voltou

Sabe aquela calça com a boca mais larga?


Pois é, a tendência da calça flare voltou e vai ser aposta para a próxima estação!

Diferente do modelo skinny, a calça flare é justa até o joelho e vai abrindo suavemente até os pés. A releitura das antigas bocas de sino não tem necessariamente uma barra tão exagerada. Outro diferencial é que a cintura é normalmente mais alta, alongando a silhueta e fazendo quem usa parecer mais magra. 



Confere algumas dicas para investir no modelo Flare:

Tecido
Para lembrar a calça original dos anos 70,a ideia é usar tecidos mais encorpados.Mas o jeans ainda é a melhor opção.


Quando usar?
Sempre!  O modelo cabe para todas as situações. A dica é variar o tecido e as cores. 
Qual blusa?
A calça flare fica linda com camisas básicas, camisetas bem sequinhas. Enfim, toda blusa com modelagens ajustadas ao corpo, deixando a silhueta em evidência.
E para os pés?
Para compor o look com esse modelo de calça, é preciso apostar nos saltos altos e plataformas. Quanto mais alto, melhor. E uma dica bem importante: a boca da calça deve cobrir os sapatos.
E aí, dá pra apostar na tendência flare?

Super beijo!